NALGUM LUGAR DENTRO D'ALMA.
O jardineiro nem percebeu,
mas veio determinado o evento,
em casualidade sequer pressentida.
Surgiu puro e inconfesso.
Não restando percepção,
sobrando apenas o cárcere sem domínio.
Deliciosa masmorra.
O que começou matutino virou todo tempo,
e todo tempo quimera do destino,
destino então que se revelaria
no verde mais lindo.
A cor da esperança inalcançável,
no sentido inverso de alegria.
Só que a intensidade ímpar mesmo respeitosa,
não se quedaria à distância.
Também não sucumbiria...
ao silêncio involuntário.
Ao entregar o coração por inteiro,
a doação se completaria.
Pois mesmo desejando tudo,
o pouco já lhe bastaria.
Mesmo em frases e cultivos repetidos,
sempre uma nova declaração de amor.
Só que o amor não se conquista,
nem aqui, nem alhures.
Na morada indelével do coração,
O inquilino surge do nada.
Pode ser sorrateiro,
pode vir de mansinho,
abrupto ou silencioso,
vira posseiro preferido.
A vida tem nuances
de faces indefinidas.
Quem outrora já se fez presente sem o cultivo necessário,
torna-se despejo de covardia.
Quem, ao revés,
rega com sincero carinho,
transforma-se em colheita definitiva.
Nalgum lugar...
Pra dentro da alma.
O encontro não foi primeiro... não será o último.
Indubitavelmente o verde é jardim,
e como tal,
inexoravelmente,
terá que florir.
Tarcisio Bruno
Enviado por Tarcisio Bruno em 14/02/2016
Alterado em 19/07/2018