Em um sonho insano ele viveu um grande amor,
que em vida, com sua real demência, não lhe seria permitido.
Em sua quimera o sentir não virava lágrima,
posto que era sorriso, mesmo demasiado triste.
E era amor em forma d’água,
que encharcava deveras a alegria fugaz.
Quando o pensar era sorriso incontido,
as palavras revelavam o inconfesso e escondido,
fazendo poesia em rimas aladas
só dentro do peito sentidas.
E embora não magoadas no desejo de se encontrar,
as frases eram gestos tímidos,
com expressões passionais as mais variadas,
que sempre convergiam para o caminho único
de uma última estrada desejada.
Era uma trilha enamorada
que fazia destino
uma estória antes algoz e represada.
Libertava o sol de densa chuva
com raios enclausurados de amor.
E como frágil sonhador,
tornou-se um anjo sem asas,
que no voo solene encontrou a liberdade do poder dos sonhos,
onde ninguém aprisionava seu sentir,
tampouco encarcerava seu desejo.
E o amor não se podia matar,
pois no devaneio de cada voo aberto,
ele ia onde a palavra queria chegar.
No horizonte que era só dele,
ninguém poderia lhe prender,
ninguém poderia lhe matar.
A brisa que tocava seu rosto nas alturas
enxugava seu rio de tristeza,
para no infortúnio de suas certezas
encontrar sua mentira mais verdadeira...