Na passarela da vida
o amor é caminho de incertezas,
veredas estreitas do peito...
Às vezes ponte,
outras atalho perdido.
É um beijo que convida a seguir,
também o escarro que faz parar.
É o toque que faz sentir,
ou a falta que também faz negar.
O riso que te faz envolto em esperanças,
a lágrima que sepulta as asas do horizonte.
Um sonho que te faz dormir a melhor estrela,
o pesadelo cadente como espada a ferir-te o sono.
É companhia que fala em virtude,
e solidão que despedaça em incontáveis pedaços vazios.
A presença que coroa rei sem ser de si mesmo,
a ausência que vitimiza como plebeu da tristeza.
A luz que faz crescer e elevar o espírito,
a escuridão que poda a alma.
É a verdade que vence toda altura,
a mentira que te faz cada vez menor.
A voz que esconde em silêncio,
o silêncio que faz voz a nudez.
Uma lembrança que em fogo sagrado queima,
e o esquecimento em pecado que em água afoga.
É tudo ao fazer-te conhecer os segredos do coração,
e nada ao fazer amnésia o sentimento.
O prazer que faz gáudio o gozo alucinante,
e a dor da melancolia em abandono.
É o mel que torna doce o sorriso,
E o fel que aprisiona a dor para verter todas as lágrimas.
A paz no bom combate da vida,
e a luta na derrota da solidão.
É ferida que fere a si próprio,
e não cicatriza com a mesma dor.
É a vida que não se possui,
como morte que não basta a si mesma.
A chegada da vida ao coração,
e a partida que mata o peito.
É,
por fim,
a tempestade que para morte crucifica,
e a brisa que para a vida faz ressuscitar...