Do vinho das lágrimas vem a sobriedade do riso
A despeito da dor,
à parte de toda tristeza
rasgada no peito,
as lágrimas insistem em sorrir...
Como uma ópera grega
em ode lírica da vida
que canta alegre a alma
Linda catarse que não corrompe.
De ausência em ausência
vou construindo quase sem forças
a lembrança de um esquecimento
que inexiste.
O coração alheio
se não o sinto,
faz perder-me em presença.
O que me faz falta,
ontem não lembrei
para hoje esquecer
e não ser sequer mais saudade.
O esquecimento é a luz
onde a lembrança vence
a escuridão do amanhã,
ainda que o peito saia derrotado.
Mas só bebendo o vinho das lágrimas,
é que se encontra a sobriedade do riso.