Quem alto vive
e pode um coração sentir,
saberá ler meus silêncios e não escutar minha voz.
Compreenderá que nos espaços vazios
das rimas de minha poesia,
existem mais que os vácuos das palavras
e de lacunas sem dialética.
Há demasiado sentimento...
É neste espaço imarcescível de palavras não ditas,
que em assomo e amiúde revelo-me.
Mente, coração, corpo... Alma.
Digo sem dizer,
mostro sem demonstrar
choro sem lágrimas,
sorrio com os olhos.
E ainda que as palavras não existam,
Já que o sentir, por ser belo, é inefável,
elas são escritas no invisível dos sonhos,
na essência do que é mais puro
e com o bálsamo d’alma.
A poesia é o que me aquece,
ainda que não produza calor,
e se o silêncio é o frio do peito,
quero a lareira dos versos,
já que a saudade pode ser alegre,
mesmo que seja uma lembrança de dor...