Mesmo que destruam todas as flores,
ainda assim,
a primavera novamente há de florir.
Matam-se pessoas,
não se destroem sonhos e sentimentos,
verdadeira liberdade d’alma.
Só o medo deve fenecer...
O renascimento não é descobrir novas paisagens,
nasce de novo quem aprende a ter outros olhos.
Aprendi a ver no escuro,
onde não existe luz
e a despeito de toda falta de esperança.
O amor de Abelardo e Heloísa “castra” qualquer tristeza,
mas não é tão inefável quanto meu amor,
já que não é o amor que vive em meu peito.
O de Tristão e Isolda, cicatriza feridas,
mas não é tão belo quanto meu amor,
não é o que chora em meu peito.
Se hoje eu morrer,
à parte de todas as lágrimas que verti,
levo o sorriso por ter conhecido a primavera,
ainda que tenha bebido o sangue dos espinhos
e sentido a fragrância da dor.
Partirei feliz,
porque nenhuma morte
poderá impedir a chegada da primavera!