Tarcisio Bruno
Das palavras que não te disse
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                  TUA PRESENÇA EM SÉPIA

 
Contemplo tua fotografia envelhecida com o tempo,
e verto na face saudades perdidas e orvalhadas.
Por que amo o que vejo e não o que observo?
Porque no retrato encontro o que foi perdido,
e isso comove e alimenta uma fome de beleza.
A tua presença não me diz quando chega,
e nem a escuto quando vai embora.
Minh'alma se sente sozinha, talvez desacompanhada...
Não há mais sede em tua falta de água e desejo.
Nada!
Amo tua lembrança em sépia,
porque o maior desejo dos olhos
não é ver a boca,
mas sentir o beijo que não se tem,
e não é tocar a pele,
mas gozar o corpo que não se possui...

 
 


 
Tarcisio Bruno
Enviado por Tarcisio Bruno em 16/10/2020
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Do vinho das lágrimas vem a sobriedade do riso
 
A despeito da dor,
à parte de toda tristeza
rasgada no peito,
as lágrimas insistem em sorrir...
Como uma ópera grega
em ode lírica da vida
que canta alegre a alma,
e por isso uma catarse que não corrompe.
De ausência em ausência
vou construindo quase sem forças,
a lembrança de um esquecimento
que ainda inexiste.
E se já o coração alheio
não o sinto,
perco a minha presença.
E o que me faz falta,
ontem não lembrei,
para hoje esquecer
e não ser sequer saudade,
pois o esquecimento é a luz
que a lembrança revela na escuridão do amanhã.
E só bebendo o vinho das lágrimas
É que se encontra a sobriedade do riso.