O AMOR E A TEMPESTADE

És uma imensidão de vazios,

uma saudade de nada

de um porto sem mar.

Um coração que não soube navegar

e somente singrou desilusões perdidas...

E esse adeus que não soubemos dizer,

é o silêncio e a herança de uma presença ausente,

um beijo que naufragou

como uma palavra não dita,

uma vela rasgada com o vento de um gozo inútil.

Somos herdeiros de uma tempestade que não existiu!

Tarcisio Bruno

Enviado por Tarcisio Bruno em 15/11/2021

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Do vinho das lágrimas vem a sobriedade do riso

A despeito da dor,
à parte de toda tristeza
rasgada no peito,
as lágrimas insistem em sorrir...
Como uma ópera grega
em ode lírica da vida
que canta alegre a alma,
e por isso uma catarse que não corrompe.
De ausência em ausência
vou construindo quase sem forças,
a lembrança de um esquecimento
que ainda inexiste.
E se já o coração alheio
não o sinto,
perco a minha presença.
E o que me faz falta,
ontem não lembrei,
para hoje esquecer
e não ser sequer saudade,
pois o esquecimento é a luz
que a lembrança revela na escuridão do amanhã.
E só bebendo o vinho das lágrimas
É que se encontra a sobriedade do riso.