Tarcisio Bruno
Das palavras que não te disse
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Textos

" Eu te amava pela manhã, nossos beijos profundos e quentes
Seu cabelo sobre o travesseiro, feito uma tempestade dourada e sonolenta
Sim, muitos já amavam antes da gente, sei que não somos os primeiros
Na cidade e na floresta , sorriam como eu e você
Mas isso já vem de tempos e ambos devemos tentar
Seus olhos são suaves com tristeza
Hei, essa não é a melhor maneira de dizer adeus"
- Leonard Cohen -

 

 

                                 O QUE É CAPAZ DE DERROTAR UM GRANDE AMOR?

 

 

Os grandes amores da literatura ficaram imortalizados em suas inevitáveis tragédias, quase nenhum, na quimera da felicidade.   A vida real parece, muitas vezes, imitar os romances, ou seriam os livros (e a poesia) apenas o reflexo do coração? Há um eu-lírico realmente?
Afirmam que o tempo é antídoto ou veneno para o amor. Um remédio que cura dores ou uma saudade que enlouquece. No livro " O amor nos tempos do cólera " do colombiando Gabriel García Marquez, Florentino Ariza espera 50 anos para viver seu grande amor com Fermina Daza, e o amor então derrota o Deus tempo. Restou ao casal pouco, mas era tudo que  precisavam. É preciso entender que há momentos e segundos que valem toda uma eternidade.
Outros dizem que o sexo é essencial ao amor, e que sem ele não há sentimento que resista. No livro " Heloísa e Abelardo "   professor e aluna se apaixonam e vivem um grande amor, o tio dela por vingança manda castrar Abelardo. O amor sobrevive a despeito da falta de sexo. A falta do contato físico não corrompe o sentimento, ele é imarscecível. O amor então vence o Deus corpo. O que dizer do sublime amor na velhice?
As convenções sociais e os ódios familiares também tentam destruir o amor. Na peça "Romeu e Julieta" de Shakespeare, o amor do casal de jovens aniquila as vaidades familiares e os ódios desnecessários (o ódio nunca é preciso). E o amor vence o Deus sociedade. A morte também é uma vitória da vida.
As causas externas que tentam destruir um grande amor são debalde, desde que exista realmente amor. O amor é quase suficiente em si. É preciso nutrir e proteger de fatores externos como preconceitos sociais e interferências descabidas. Mas o amor também precisa se proteger de seus problemas íntimos, esses mais fortes e perigosos. O escudo é mais difícil, e há uma lança que pode derrubar. A solidão do abandono, o  ciúme maluco, os medos e melindres desnecessários, a falta de abrigo e respeito, o despejo da compreensão da lágrima... Numa relação se constrói um mundo comum, mas é necessário entender que existe também um mundo individual. É preciso respeitar espaços e preencher vazios, só assim faz sentido. É oferecer o cobertor, apesar do próprio frio.
O amor não é invencível, a despeito de sua possível eternidade. Não há como desistir do amor, mas é possível desistir de amar.
Dizem que o tempo é o único remédio para um amor perdido, mas ele também é a esperança de quem ama. O tempo é bálsamo e também veneno.  
Bálsamo, como a lembrança de alguém que partiu em desencarne.
Veneno, como a saudade de alguém que não é mais possível abraçar.
Todos podem esquecer o amor, com exceção de quem o sente. Mas cuidado quando a saudade impedir de respirar, porque você não vai querer mais abandonar essa dor, já que será ela o últimom elo de ligação com quem você ama. E isso não é salutar.

 

A ESPERANÇA É A TRAGÉDIA DE QUEM AMA
 
Tua ausência é um ergástulo de dor,
que sorrateiro, me faz soluçar,
uma lágrima escondida, como voz silenciosa de amor,
tímida e copiosa, que me insta a chorar.
 
Esta lembrança suave, abrasa-me... mas faz ferida,
e a alma enverga, ainda que o corpo esteja em pé,
e mesmo que despida de tua presença vencida,
ela veste esperança...  que é a tragédia de quem ama e não perde a fé.
 
E quando meus olhos incrédulos, em tua presença solta o grito,
o corpo incendeia-me, ávido por te beijar,
e não sei se o sentimento é um abraço de inimigo,
ou se é o amigo teratológico, que me faz caminhar...

 

 

 

Tarcisio Bruno
Enviado por Tarcisio Bruno em 23/03/2024
Alterado em 23/03/2024
Comentários
Do vinho das lágrimas vem a sobriedade do riso
 
A despeito da dor,
à parte de toda tristeza
rasgada no peito,
as lágrimas insistem em sorrir...
Como uma ópera grega
em ode lírica da vida
que canta alegre a alma,
e por isso uma catarse que não corrompe.
De ausência em ausência
vou construindo quase sem forças,
a lembrança de um esquecimento
que ainda inexiste.
E se já o coração alheio
não o sinto,
perco a minha presença.
E o que me faz falta,
ontem não lembrei,
para hoje esquecer
e não ser sequer saudade,
pois o esquecimento é a luz
que a lembrança revela na escuridão do amanhã.
E só bebendo o vinho das lágrimas
É que se encontra a sobriedade do riso.